O Chile é um país que eu considero seguro, porém em um dia que fui passear pelo centro de Santiago, começaram a fazer manifestações por causa do dia internacional da mulher, 8 de março. Eu pensei que seria apenas uma manifestação pacífica sem mais preocupações como as que já tinha visto só pelos jornais na TV, mas aí que me enganei. Uma coisa é você ver pela TV, outra coisa é você se deparar com uma manifestação imprevisível bem no caminho da sua hospedagem.
Eu sabia que estavam acontecendo manifestações, mas até onde sabia, não era na parte do centro de Santiago que eu fui passear e nem passou pela minha cabeça que a rua que eu estava pegando para voltar até o meu hostel, era o ponto mais crítico, pelo menos foi o que pareceu.
Depois de passar por alguns lugares pelo centro, como a Plaza de Armas e bater mais um pouco de perna, eu decidi visitar o famoso Cerro Santa Lucia, no entanto, já estava fechado quando cheguei lá. Não por causa do horário, mas devido às manifestações que já começaram a ficar descontroladas.
Quando cheguei faltando umas duas ruas para chegar no meu hostel. Bem no meio da esquina, tinha um monte de gente gritando, alguns com bandeiras e outros até com pedaço de madeiras nas mãos.
Apesar disso pensei: “Bom, acho que consigo passar por essa esquina e só virar a direita que aí já chego no hostel”.
Porém, na medida em que eu fui me aproximando da esquina, fui percebendo que aquele monte de gente estava com muita euforia e algumas pessoas começaram a discutir ali bem alto com raiva.
Teve um carro que teve a audácia de tentar passar por aquele monte de gente e acabou sendo cercado de pessoas que estavam em um nível descontrolado, mas o carro conseguiu aos poucos dar ré e sair dali.
De repente várias pessoas começaram a correr não sei do quê e isso já foi me deixando assustado. Quando olhei mais para o meio daqueles manifestantes, tinha uns rapazes com umas garrafas de vidro na mão e também vinham correndo bem na minha direção, que já tinha várias pessoas correndo.
Não tinha como eu passar para a rua do meu hostel por causa da quantidade de gente e do meu medo de acabar entrando em outro tumulto.
Eu precisei pensar rápido e aí acabei atravessando a rua correndo e me abaixando com medo daqueles homens jogarem alguma garrafa na minha direção e pegar bem na minha cabeça. Foi uma correria só.
Sorte que passei rápido para a outra calçada. Naquele momento eu já estava com o meu coração na mão. Eu só precisava encontrar outra rua para chegar até a minha hospedagem.
Fui voltando, me afastando daquela bagunça. Algumas pessoas vinham correndo pela mesma calçada que eu. Provavelmente aqueles rapazes com garrafas na mão estavam se aproveitando para causar tumulto e impor medo naquela situação. Eu não quis correr para não acabar me desesperando ou ser confundido com alguém.
Depois que me afastei daquela confusão, caminhei mais algumas ruas e finalmente cheguei aliviado na porta do hostel.
Paz e harmonia na Plaza de Armas, no coração do centro de Santiago
Essa é uma história absurda que aconteceu comigo. Imagina você chegar no aeroporto para ir para outro país e a atendente fala que não vai fazer o seu check-in? Eu não acreditei na hora.
Vamos lá. Tudo começou quando eu fui pegar o meu voo para a San José, na Costa Rica, sendo que eu estava no aeroporto de Cancún, no México. Eu tinha comprado a passagem com escala na Cidade no México porque estava mais barata. Guarda essa informação que ela é essencial para a minha viagem.
No momento do check-in, a atendente pede o meu passaporte para conferir o meu voo. Depois ela vai olhar lá na folha de carimbo, acha o carimbo de entrada do México e diz:
– Você não vai poder pegar o voo porque o seu carimbo é da entrada por terra – Na hora, eu simplesmente não acreditei. Como assim?
Então quer dizer que quem entra no México por terra só pode sair pela fronteira por terra? Não pode pegar um avião para sair do país? Que absurdo é esse, gente? Nunca tinha visto isso em lugar nenhum. Não é possível uma coisas dessas.
Na hora eu arregalei os meus olhos não absorvendo aquilo e já ficando desesperado para não perder o meu voo. Era só o que faltava eu não conseguir viajar para a Costa Rica porque o carimbo de entrada era da fronteira terrestre. Na época, eu tinha entrado no México pela Guatemala.
– Como assim isso? Eu entrei pela Guatemala no México e esse foi o carimbo que a fronteira me deu. Como que eu não posso pegar o meu voo para sair do país? – já fui falando atônito.
– Você tem que ir até na imigração na Cidade do México para resolver isso – me avisa a atendente, muito da incompetente.
Na hora, eu pude me safar dessa enrascada porque o voo tinha um escala na Cidade no México, então já fui avisando logo para ela. Nossa, esse povo é muito irresponsável, ela nem tinha visto que o meu voo tinha escala lá e já foi logo querendo estragar a minha viagem e atrasar toda a minha vida. Achei muita burrice e um absurdo sem igual. Fala sério!!
Aeroporto de Cancún. Mal sabia o que me esperava
– Eu vou resolver esse problema do carimbo lá, moça – fui falando repetidamente com o maior medo de ficar muito tempo no check-in e acabar perdendo o voo. Ainda bem que eu tinha chegado com antecedência de mais de duas horas, porém ainda assim queria ser resolver essa palhaçada o mais rápido possível.
Depois de mais alguns minutos, quando pensei que tinha resolvido esse problema. A atendente veio me falando que eu tinha que ter passagem de saída da Costa Rica. Nossa, agora veio mais essa.
Eu já tinha entrado na Costa Rica sem exigência de passagem de saída nenhuma. A empresa aérea deveria ser obrigada a avisar esse tipo de coisa para as pessoas que estão voando para lá.
No Panamá, as empresas aéreas já avisam antes da venda do voo que é necessária uma passagem de saída do país e assim não atrasa a vida de ninguém. Quando fui no Panamá, já comprei antecipadamente a minha passagem de saída de lá sem crise, sem surpresa nenhuma. Nossa, é sério. Eu nunca vi e nem tinha visto uma empresa aérea tão irresponsável na minha vida quanto essa do México.
Depois dessa, eu fiquei falando que nunca tinha visto isso e acabei exigindo a presença do gerente da companhia. Falei sobre a situação e pedi ajuda. O gerente acabou me deixando entrar na sala dos atendentes para eu conseguir comprar uma passagem de saída da Costa Rica.
No computador eu pesquisei uma empresa de vans que fazia viagens da Costa Rica para o Panamá e fiz a reserva. Na hora, o site manda para você a reserva, porém a confirmação e a compra vinha depois de 24 horas. Como eu não ia de novo para o Panamá, só fiz a reserva, imprimi e entreguei para o atendente do check-in. O meu plano foi cancelar essa passagem assim que entrasse na Costa Rica. Fica aí a dica.
Depois que o atendente, FINALMENTE, imprimiu a minha passagem, eu consegui ficar aliviado. Nossa, nunca tinha tido tanta dificuldade para sair de um país. Nem era época de pandemia, nem nada.
Assim que passo pela imigração e pelo raio-x, me sento em uma cadeira para esperar o meu bendito voo para a Cidade do México. Quando parecia que podia relaxar sossegado, vieram três policias, dois homens e uma mulher até mim e pediram para revistar a minha mala e a mochila. Nossa! Eu tinha acabado de sair do raio-x, gente!
A policial com cara de canina raivosa me encheu de perguntas:
– De onde você é? Para onde vai? De onde veio? Ficou quanto tempo no México? Por que veio? Onde estava hospedado? O que tem na sua câmera digital? Por que ficou tanto tempo no México? O que faz? Onde mora no Brasil? – Nossa, parecia que aquilo não estava sendo real. Tenha dó, né?
Eu fui respondendo às perguntas dela enquanto um policial ia mexendo na minha câmera digital para ver as fotos.
Após tantos questionamentos e revistas, a policial viu que eu não tinha nada de mais, me deixou em paz e foram atormentar outra pessoa talvez. Eu não tinha visto, nem ouvido nenhuma abordagem desta na sala de embarque.
E ainda tinha que resolver o caso do visto do meu passaporte quando eu chegasse na Cidade do México. Quando cheguei lá, a primeira coisa que fiz foi procurar a imigração no aeroporto. Achei um balcão com um atendente da imigração e perguntei para ele sobre o meu carimbo de entrada terrestre no meu passaporte e até mostrei-o.
Adivinha só qual foi a resposta? Não tinha problema nenhum aquele carimbo. Isso mesmo, não tinha problema. Na hora eu estava tão atordoado pela confusão no aeroporto de Cancún que sinceramente duvidei do próprio atendente da imigração e por isso fui perguntando várias vezes a mesma coisa para eu ter certeza.
– Isso não tem problema, é certeza. Aqui é a imigração! – exclamou o rapaz que me atendeu. Eu fiquei chocado que todo aquele rolo, aquela palhaçada, no aeroporto foi pura falta de responsabilidade da companhia aérea. Meu amigo leitor, pensa se eu não tivesse comprado um voo com escala para a Cidade do México? Eu estaria chorando lá no aeroporto a minha passagem perdida e ainda teria que comprar outra. Nossa gente, quanta desinformação!
Aeroporto na Cidade do México
Bom, então, finalmente de uma vez por todas, eu sabia que poderia pegar o meu voo tranquilo agora para San José, graças a Deus. O voo foi tranquilo, durou umas três horas e até dormi no trajeto todo. Na Costa Rica, passar pela imigração foi mais tranquilo ainda. Eu já tinha visitado o país uma vez antes.
Fui livre, leve e solto para o meu hostel e correu tudo bem nessa minha viagem, ainda bem. Depois de tanta luta, pude aproveitar a minha viagem em paz.
O perrengue escolhido de hoje é o da Cris Freitas (@cryss_freitas). Tudo começou quando a goiana, em torno de 26 anos na época, e seus dois amigos Rui e Dani foram passar as férias na Bolívia, que incluiu conhecer o mais famoso e maior deserto de sal do mundo: o Salar de Uyuni.
As passagens aéreas foram compradas com embarque em São Paulo e desembarque na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra, para de lá, pegarem um transporte até o Salar de Uyuni. Os preços baratos dos voos ajudaram muito nos gastos. A ida até a capital La Paz foi em um ônibus tão barato, que os passageiros até dividiam espaço com as galinhas, porcos e outros animais de pequeno porte.
Nem é preciso falar que Cris e seus amigos de viagem estavam com o dinheiro contado. Cada custo com alimentação, transporte e passeios foi exatamente e estritamente calculado, num aperto só. Quando você, meu amigo leitor ou leitora, sai com o dinheiro contado de casa para ir no centro da sua cidade, você já pensa o que pode acontecer? Imagina isso em outro país.
Quando chegaram em La Paz, Cris ouviu a recomendação do taxista de um hotel bem barato, no entanto decidiu ir em outra opção, de quando tinha ido na Bolívia antes. Era um hotel também bastante econômico recomendado por um casal de brasileiros. Na hora em que chegaram no estabelecimento, a atendente informou que aquele lugar nunca tinha sido um hotel antes. Nesse caminho do táxi até o suposto hotel, a nossa viajante já foi protagonizando o primeiro perrengue leve do dia: a jovem percebeu que tiraram um pacote de pilhas do bolso dela.
Depois da primeira tentativa frustrada de achar um hotel, o grupo de amigos voltou para a sugestão do taxista, bem barata, diga-se de passagem. No momento da chegada, depois de entrarem no estabelecimento, viram que, o quarto, ao lado dos seus aposentos, tinha aquelas faixas amarelas de interdição da polícia. Poucos dias antes, havia acontecido um assassinato bem ali.
O susto inicial não foi capaz de quebrar com o ânimo de passear pela cidade de La Paz. Durante o bate perna, a Dani começou a sentir bastante os efeitos negativos da altitude da região. O Rui também não estava se sentindo bem, até sangramento no nariz teve. Cris estava tranquila, leve e solta. Ninguém tinha chegado até ali para ser parado por meros problemas de saúde. Todos os amigos decidiram prosseguir para o almejado, sonhado e desejado Salar de Uyuni.
O ponto alto dos contratempos foi logo no salar, bem onde Cris tinha sonhado tanto em conhecer, que até estudou tudo sobre a atração. No meio das pesquisas, entendeu a importância de escolher uma agência de turismo com carros novos, pois acontecia bastante de os veículos quebrarem no meio do deserto.
Cris começa o passeio feliz e brincando no Salar de Uyuni, nem imaginado o que viria mais para frente
Depois de um trabalho de pesquisa árduo, dedicado e apurado em quatro agências, a escolha da Cris foi simplesmente descartada. Ganhou a preferência do Rui e da Dani. A intuição da Cris insistiu em tentar convencer os seus companheiros de viagem, porém sem sucesso.
Então lá foram os três brasileiros para o passeio que dura três dias. No carro da agência, havia três estadunidenses: duas moças e um rapaz, esse último não teve um dia melhor para descarregar os seus gases durante a viagem toda.
No fim do belo tour, o carro quebra bem no meio do deserto. Horas e horas se passaram sem nem uma alma viva aparecer naquele lugar remoto. Cris, Dani e Rui já ficaram preocupados porque precisavam sair dali logo, afinal já tinham planejado pegar um ônibus de Santa Cruz, para de lá, chegarem em São Paulo. Lágrimas rolaram no rosto de Dani. Depois de um longo tempo, quando avistaram o primeiro carro passando, o pedido de socorro para uma carona foi atendido gentilmente.
Essa é Cris no carro da agência depois do tour. Brincadeira, esse é um vagão do cemitério de trem no Salar de Uyuni
Os três aventureiros conseguiram chegar são e salvos em Santa Cruz até mesmo antes do esperado. De lá decidiram pegar um trem até a fronteira do Brasil e depois foram para Corumbá (Mato Grosso do Sul). Ter um lugar para comprar comidinhas brasileiras e poder sacar dinheiro foi um completo oásis nesse término da viagem. Após tudo isso, Cris, Dani e Rui conseguiram voltar para São Paulo sem mais imprevistos.
Quem viaja sempre quer relaxar, se divertir e viver o sonho de conhecer o destino escolhido para ter recordações fantásticas. No entanto, nem sempre as lembranças de viagens correspondem às expectativas desejadas. É nesse momento que nascem os perrengue de viagem, que são as histórias dignas para dar boas risadas ou transmitirem aprendizados. Conheça alguns viajantes que têm casos no mínimo hilários, enquanto tentavam passear pelo mundo:
Achados e perdidos em terras internacionais
A Tânia, do canal Impressões do Mundo, e seu marido, Hilton, radialista, estavam na Itália no ano de 2013, quando desembarcavam no aeroporto de Malpensa com quatro malas e duas mochilas (só faltou levar o guarda-roupa).
O casal continuou a viagem do aeroporto de Malpensa, pegando um trem até a estação central de Milão. Os dois pombinhos bateram altos papos com uma moça durante quase todo o trajeto pelos trilhos. Quando chegaram na estação, ficaram de boca aberta com tamanha beleza e grandeza do lugar até que Hilton decide tirar várias fotos. Porém, no momento em que ele levou a mão atrás das costas, notou que não carregava a mochila com a câmera fotográfica.
Uma corrida cheia de agonia começou atrás dos pertences. O radialista disparou que nem um raio pela estação pedindo licença. Mesmo com todo o esforço, não encontrou nada, somente um monte de pessoas com cara de curiosas para o semblante exasperado.
Mas não foi que o Hilton acabou esquecendo a segunda câmera do casal na bandeja do raio-x, bem na hora da checagem no aeroporto antes do voo de volta para São Paulo? Nem dava mais para o marido da Tânia testar novamente o condicionamento físico por causa das portas fechadas do avião, momento em que se deu conta da nova perda.
Felizes apesar das perdas, afinal estavam viajando Arquivo pessoal
Cerca de um mês depois, falando com um amigo sobre o ocorrido, ouviram dele que conhecia uma pessoa que trabalha em Milão. “Esse conhecido do amigo, passou pelo aeroporto e, dois meses mais tarde, estávamos com nossa câmera (com mais de 5 mil fotos) de volta”, conclui Tânia com o seu final feliz.
Saga pela Europa
Rachel, do blog Viajão, que estava com seu grupo de amigos, havia planejado pegar um trem de Luxemburgo, na manhã do dia seguinte para Paris. Mas só foi acordar que os pesadelos já começaram: todos os trens para a cidade francesa estavam cancelados por conta da greve que ocorreu na época, em dezembro de 2019.
As tentativas frustradas para chegar até a estação de trem em Luxemburgo ficaram de lado quando um amigo descobriu uma empresa de ônibus que faz o trajeto para Paris. No entanto, a viagem que levaria duas horas, se transformou em seis horas pelo transporte rodoviário.
Quando chegaram até o endereço de embarque, se depararam com um terminal muito engraçado, não tinha nenhuma atendente, não tinha loja, não tinha nada, era um estacionamento em um lugar afastado.
Rachel e seus amigos ficaram torcendo para que todas as expectativas de que algum ônibus parasse ali, e os transportassem fossem reais. Para a alegria do grupo, mais passageiros chegaram e então ansiedade diminuiu.
Na chegada do destino, em Paris, o transporte só foi até uma região bem periférica da cidade. Nem os pedidos para um carro pelo Uber estavam dando certo. O jeito foi achar por ali um hotel que permitisse usar a internet para chamar o transporte pelo aplicativo.
Quando finamente chegaram, depois de oito horas de peregrinação, o hotel das reservas em Paris estava em uma área com várias ruas bloqueadas por causa dos protestos daquele dia. O cansaço ainda teve que esperar mais um pouco até a viajante conseguir finalmente entrar na hospedagem.
Rachel não deixou de sorrir depois da viagem exaustiva até Paris Arquivo pessoal
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