O que eu aprendi em um ano de Florianópolis

Eu não imaginava que pudesse ficar tanto tempo em Florianópolis, e isso é uma das boas surpresas que tive. Percebi mais uma vez que os meus planos podem mudar para melhor, afinal foi isso o que aconteceu. Eu só não imaginava isso.

Me lembro de quando cheguei pela primeira vez aqui, no meio da pandemia, em maio de 2019. Aquele rapaz cheio de vontade de se mudar para uma nova cidade, se deparou com um friozinho de fim de tarde e um apartamento aconchegante no bairro de Canasvieiras. Um novo lugar sempre traz um novo ar, um pensamento mais arejado, novas expectativas.

Eu tava doido mesmo era para me esbaldar nas praias paradisíacas que tanto tinha visto pelas fotos. No entanto, as águas frias, por causa da estação, não me deixaram mergulhar pelos próximos cinco meses.

Eu já estava começando a ficar frustrado quando o mês de outubro chegou, e ainda não tinha dado um mergulho naquela água clara de Canasvieiras. Paciência, isso foi outra coisa que tive que aprender. Tudo tem o seu tempo. O frio também me fez aproveitar bastante o meu cobertor, umas bacias de pipocas que fiz e os filminhos no fim de semana ou no fim da noite no sofá.

Em um belo dia, quando o sol estava raiando bastante quase no fim de outubro, tive certeza que tinha que ser aquele dia que eu deveria estrear o mar de Florianópolis. Fazia um sol mais forte que o comum. Depois que caminhei um pouco pela praia, tchibum!!! Dei um mergulho!! Aleluiaaaaa!!!! Imagina a minha alegria! A minha felicidade não tinha nem como ser calculada! Mas essa primeira vez não durou muito, porque não aguentei ficar mais tempo na água com aquela sensação de frioooo, mesmo em um sol mais forte que o normal.

Consegui aproveitar mesmo e me esbanjar no fim do mês de novembro em diante, quando já tinha me mudado de bairro, de Canas fui para os Ingleses. A vista da praia aqui tem uma paisagem fora do comum, principalmente pelas dunas no canto do lado direito. Então nem preciso dizer que quase marinei na água, né. Visitei várias outras praias lindas no verão (Daniela, Praia do Forte, Gaivotas e Praia Brava), onde finalmente senti que estava aproveitando a Florianópolis que queria e hoje estou satisfeito com a minha estadia na cidade.

Além das belezas naturais, vi que os relacionamentos são importantes. Os amigos mesmo distantes conseguem manter uma parceria, serem presentes, nem que seja para um apoio moral. Saber valorizar essas pessoas é essencial para se manter mais forte.

Outra coisa que aprendi foi fazer a minha parte, não importando se a outra pessoa foi ou não sincera. É difícil ser assim? Lógico, porém Deus é justo, ele é quem faz a luz brilhar ainda mais em um momento de escuridão. Eu sou testemunha de que coisas maravilhosas e inesperadas acontecem. Por isso, a esperança nunca pode morrer.

Feliz e satisfeito em um dia na Praia do Forte em Florianópolis

Os “nãos” e o desânimo

Ninguém gosta de receber um não. Quem é que vai apostar com a certeza de que não vai conseguir se dar bem? Mas infelizmente existem pessoas que mesmo que apostem, antes de falar qualquer coisa, já dizem “não” ou desistem. 

Antes de tentar fazer alguma coisa é “não”. Não consigo, não posso. Não dá certo. Não. Não. Não. Se a própria pessoa já está dizendo que não. Imagina os outros?


Para ganhar, é preciso primeiro dizer sim pra si mesmo. Eu consigo SIM, eu posso SIM. Infelizmente existem pessoas que mesmo que comecem a fazer algo, parece que se colocam para baixo sozinhas com tantos nãos. Já basta os nãos inevitáveis que a própria vida nos dá.


Numa caminhada ninguém nunca vai encontrar tudo tranquilo no caminho. Vão existir trechos que terão montanhas para atravessar, e, em outros, rios para nadar. Se você para e diz que não consegue, então não vai prosseguir e nem chegar até o seu destino. Muitas vezes o destino está lá esperando para que a gente comece a dizer sim, e depois ultrapassar todas as barreiras que pareçam que vão nos parar.

Faz parte também o “não”. A forma como reagimos com ele é que pode ser o nosso combustível para a nossa força ou então ser um desmotivador que só vai acabar com os nossos objetivos.


Não vai ser fácil. 

Falar é mais fácil que fazer, né?

Semana passada. Eu estava bem desmotivado para ir na academia treinar. Mas mesmo assim, eu fui. Comecei a fazer os exercícios em um estado de ânimo bem baixo, porém eu estava lá fazendo. De repente, quando estava no meu terceiro exercício, um cara fortão passa por mim e fala que, se eu continuasse a fazer os exercícios daquele jeito, eu iria ficar que nem ele. Eu não esperava receber tamanho incentivo. Sinceramente eu não quero chegar exatamente no porte físico dele, que é todo grandão, mas quero sim evoluir nos treinos. E é isso o que acontece quando a gente não desiste. Acontecem coisas que vão ajudar a dar um empurrãozinho.

Quando estamos desanimados, precisamos aprender a usar as nossas forças para seguir em frente. Podemos. Um dia conseguiremos chegar nos objetivos. Pensar que vamos alcançar no tempo certo o que queremos é essencial. Depois de cada semente, que foi plantada com lágrimas, cada fruto colhido servirá para dar muita alegria.

Olhe para o céu e diga um sim para você
Ingleses, Florianópolis

Senso de Justiça, como vai o seu?

Sabe quando você passa por uma situação que não está sendo justa? Isso te leva a te sentir angustiado diante de algo que aconteceu que precisa ser revisto. É muito importante pensar, se o que estamos fazendo vai afetar outra pessoa negativamente e se não está sendo injusto. Existem pessoas que simplesmente não se importam do impacto ruim que podem causar em outra e nas consequências que isso pode acarretar, mas, se essas pessoas pensassem que alguém poderia fazer o mesmo com elas, não agiriam assim.

Eu não sou uma pessoa perfeita e também sei que ninguém é, por isso, precisamos nos guiar por um senso de justiça em todas as situações da nossa vida, ver se não estamos fazendo outra pessoa sofrer de propósito ou até mesmo sem querer, principalmente se estamos em uma posição de algum tipo de poder. Por isso, quando mais poder uma pessoa tem, mais justa ela deve ser. Quem se aproveita de uma posição que tem para causar algum prejuízo, ao meu ver, precisa mudar o que fez e se não faz isso, então não é digno da posição que ocupa.

Me pergunto às vezes, se o que eu estou fazendo vai ter algum impacto ruim na vida de alguém e também me pergunto se o que vou fazer vai ter algum benefício. Eu gosto de ajudar as pessoas e acho que quem está em uma posição melhor, deveria usar o que tem para ajudar, e não para derrubar.

Talvez uma das razões para a injustiça seja a impulsão. Agir sem pensar muito provoca consequências inesperadas e até mesmo ruins. Por mais que o calor do momento faça alguém sair do ponto de equilíbrio, é importante um esforço para não se perder na explosão de um momento desagradável.

Bom, tudo o que plantamos, colhemos. Às vezes na vida, acontecimentos vêm para que possamos olhar para o que plantamos e mudemos o nosso agir, mas é certo que, se plantamos senso de justiça, certamente colheremos. Vamos ser mais justos. A minha mãe diz uma frase que é: “Se eu não posso ajudar uma pessoa, eu não vou atrapalhar”, e assim gostaria de terminar esse texto.

Abraços.

Fim de tarde na praia Progreso, no México

Distância. Você sabe o momento de se afastar?

A distância pode ser benéfica. Imagina você ficar distante de tudo o que te causa desconforto. No entanto, nem sempre temos a possibilidade de nos afastar de uma situação indesejada, mas podemos simplesmente estar em um lugar com o pensamento longe de algum fator negativo.

O que é mais importante na distância é a liberdade que ela pode proporcionar em relação ao que é ruim, ao que tira a tranquilidade. Existem diversos momentos em que pensamos em estar bem longe. Isso é bom quando podemos evitar problemas. Eu não estou dizendo que fugir sempre é o melhor remédio, no entanto, em algumas situações da vida é sim.

De tantos lugares que eu passei, percebi que se você tiver que passar por uma situação indesejada, isso será inevitável, mas se você pode evitar, então é preciso fazê-lo. A melhor coisa que acontece é quando o que queremos evitar automaticamente se afasta de nós, diante da impossibilidade do nosso afastamento.


Pensando em outro ponto, a distância também pode trazer uma maior valorização daquilo que é bom. Tem pessoas que infelizmente só valorizam as outras quando estão distantes. Não vamos esperar que as coisas boas se afastem de nós para que reconheçamos a importância delas, principalmente as pessoas.


A distância em certas circunstâncias é benéfica. Ainda mais se você usa ela ao seu favor, até quando parece ruim, ela se torna vantajosa, porque ela mostra do que realmente vale a pena estar perto ou longe.

A distância de algumas coisas nos liberta para lugares novos
Cidade do Panamá- Panamá

Viajar sozinho é bom?

Eu viajei sozinho por todos os países que passei. Isso não não quer dizer que eu fiquei solitário, pelo contrário. Já conheci pessoas que pensavam que eu estava infeliz porque eu não tinha saído de casa acompanhado, mas, sinceramente, isso não me prejudicou a minha satisfação de viajar. Eu gostei de viajar sozinho, não reclamo não e não vejo desvantagem nenhuma.

Nunca combinei nenhuma viagem com ninguém, isso me deu a liberdade de não precisar ir para um lugar que não desejava e também de não ter expectativa de ser acompanhado por alguém para onde eu quisesse ir. No meio do caminho, conheci várias pessoas legais, divertidas, interessantes e fiz novas amizades que provavelmente não teria feito se estivesse acompanhado. Para viajar junto, é necessário que os gostos, as condições e as preferências coincidam. O ruim é deixar de viajar por causa dos outros.

Chileno e brasileira que conheci em Valparaíso, no Chile. Passamos o dia todo visitando vários lugares sem nem ver o tempo passar

Não sou contra viajar com uma companhia, ao contrário, até penso ser legal, mas, se a pessoa não for aquela que está “junto com você”, então as suas expectativas podem ficar frustradas. Eu passei por muitos hostels, sempre me encaixei em roteiros que outros viajantes faziam quando eu era chamado, mas também evitava passeios não tão desejados. Da mesma maneira, conheci viajantes que embarcaram comigo nos meus passeios sem pestanejar e isso foi maravilhoso. Se você é uma pessoa flexível nos seus planos, viajar sozinho vai ser um grande prazer. Quando você quiser um dia para curtir a sua própria companhia durante a viagem, você vai ter. Você fica mais livre para ter a experiência que quiser.

Viajar sozinho é bom sim. Tem pessoas que pensam que é triste, mas não é. Seria triste se você ficasse limitado e dependente de alguém para aproveitar as surpresas dos destinos dos sonhos.

Sonhar com viagem internacional vale a pena?

O sonho é o começo de toda realização. É lógico que é difícil realizar os sonhos, mas é possível. Se você não sonha com algum destino, como vai se planejar? Não tem como. Antes de fazer a minha primeira viagem internacional, eu não tinha as mínimas condições. Só ficava admirando aqueles vídeos de viagem no YouTube e aquelas revistas de agências. Mas sabe o que aconteceu? Eu continuei sonhando, mesmo com todas as impossibilidades que se erguiam na minha realidade.

Eu sempre tive objetivos e tenho, e foi isso o que me deu ânimo para insistir no sonho. Fui trabalhando, fui subindo de cargo, até que um dia, me vi em plenas condições de viajar de maneira confortável e lá fui eu para a minha primeira viagem internacional: passei por 12 países, mais de 40 cidades. Quem dira, hein. Aquele menino que já tinha trabalhado de camelô na rua, que já tinha recebido um monte de nãos, viu que é possível sim realizar o sonho. Só não pode desistir.

Pode ser que, se hoje você fala do seu sonho para alguém, essa pessoa talvez possa querer te mostrar todas as dificuldades que estão na sua frente, mas sabe de uma coisa? Se você acredita em você e faz o bem, o mais importante é o que você pensa de você mesmo, não os outros. Você pode se levar para longe ou para lugar nenhum. Tudo vai depender de você mesmo. Insista que, na hora certa, chega.

Não importa em que estação da sua vida você está, continue insistindo 🙂

Vou deixar um vídeo de uns dos dias mais legais que tive na minha viagem: quando fui conhecer a neve em Santiago, no Chile:

Transformação exige força

Não existe nenhuma vantagem em percorrer um caminho e depois de vários percalços querer voltar para trás. Na vida o caminho que nos levou para algum destino não pode ser desvalorizado. Não é fácil seguir em frente, mas se desistimos de continuar nunca chegaremos lá. Onde estão os que não desistiram? Hoje eu quero falar sobre muito mais do que apenas o lugar do qual chegam os que não desistem, eu quero falar sobre a força de não se deixar paralisado e sem foco quando parece que tudo não está andando para frente. Não se pode perder a motivação, porque quando parece que estamos parados esperando pelo o que desejamos e lutando por isso, na verdade estamos voando.

Ninguém pode ver a transformação total de uma pessoa até que esteja completa. A borboleta quando ainda é uma lagarta não pode ter ajuda para sair do casulo, se alguém abrir o casulo para a lagarta, ela não terá a força suficiente que precisa ser desenvolvida para que ela própria rasgue o casulo. Sem a força que é usada para abrir o casulo não haverá o desenvolvimento e a transformação completa da lagarta. Essa metáfora é uma das mais lindas da natureza. Existem pessoas que não entendem que estão na fase da lagarta, e que precisam permanecer um tempo para se tornarem fortes em seus casulos para ressurgirem com todo o esplendor de uma borboleta. É preciso entender que um tempo é necessário para a mudança, e que essa mudança, essa transformação, exige um esforço que muitas vezes é escondido e silencioso.

No momento que chegar a hora de abrir o casulo, toda a força e todos os aspectos para voar te levarão para uma nova fase. A vida é assim. Precisamos suportar o casulo para que estejamos preparados e fortes o suficiente para chegar no próximo patamar, mas para chegar no próximo patamar ninguém pode desistir e nem voltar para trás.

A transformação muitas vezes é oculta, e aquelas que são ocultas se tornam as melhores e as mais potentes.

Plaza de Cisneros, Medellín, Colômbia

Restituição

Sabe aquela coisa que você tinha, ou aquela forma de viver que você mantinha, ou algo que você prezava muito em sua vida mas que hoje não tem mais? Então, isso pode fazer com que a sua vida não seja da mesma forma que foi, incluindo também a forma como você pode enxergar as coisas. Pode ser que alguma coisa perdida possa mudar completamente uma pessoa tanto para um bom sentido quanto para um sentido ruim. 

Uma hora na vida chega o momento da restituição, de trazer, de reconquistar o que foi tirado, o que foi perdido. Não são apenas bens materiais que fazem parte de uma perda, às vezes uma pessoa pode ter a sua dignidade ou a sua alegria tirada por alguém ou alguma situação.

Devolver, recuperar o estado normal de uma pessoa influi em trazer novamente o que parecia que foi tirado sem chances de retorno. 
Ninguém pode ser restituído de uma coisa que queria e que não teve, mas quando algo fazia parte da vida de alguém e não faz mais, a restituição é o caminho mais justo para que se traga de volta o que se perdeu.

Nem sempre é fácil reconquistar o que foi perdido, às vezes será necessário uma força maior para ter de volta o que se deseja. É importante não desistir porque pode parecer que o caminho da reconquista pode ser muito difícil de ser percorrido, e também pode surgir a sensação de o que foi tirado nunca mais ser restituído.

Diversas são as causas de uma perda, talvez negligência, talvez injustiça, talvez uma escolha. Independente da razão o que se deve fazer quando se quer novamente o que é de direito, é ir atrás do que não faz mais parte da vida.

São diversas as coisas que podem ser reconquistadas, uma amizade, um cargo profissional, um bem-material, bem-estar, os sonhos, um relacionamento, ou alguma coisa que faz o presente parecer incompleto.

Ninguém quer algo indesejável, se você quer alguma coisa de volta é porque tem valor, ou se ela foi tirada é porque tem um valor. A ausência de algo valioso pesa. Quem procura ser restituído luta por um presente melhor.

A restituição não é apenas trazer ao estado normal o que foi perdido, ela é essencial para demonstrar que existe chance, que existem possibilidades, que são reais as probabilidades de tornar presente o que os fatos pretendiam deixar perdido para sempre.

Deitado na grama de Bogotá – Colômbia

Não conte os anões

Os famosos 7 anões

Ouvir histórias é uma das melhores ações que fazemos quando criança.
Queremos conhecer tudo. Imaginamos. Retemos. De forma natural absorvemos a nossa realidade a partir do que ouvimos. Por isso é difícil uma criança que ainda não foi pra escola que não goste ouvir história. Elas sabem todo o enredo da Branca de Neve, e por aí vai, mas não necessariamente se preocupam em decorar os nomes dos anões.

Quando entramos na escola, recebemos uma instrução tensa de que devemos lembrar ou decorar fatos e datas, isso vai aos poucos corroendo a magia do ouvir e do imaginar, e assim muitas crianças saem de seus mundos fantásticos pra uma restrita, e acadêmica e burocrática decoreba.

Mas ainda sempre ouvimos histórias, e as que nos interessam não são tão pesadas, aprendemos com naturalidade sem decorar os anões. Talvez não só pra ouvir histórias, mas pra todo o aprendizado, devemos absorver o conteúdo, e os anões não serão motivos de preocupação.